A Doação de Órgãos para Transplante: A Decisão que Salva

Dra. Silvia Helena Cardoso e Dr. Renato M.E. Sabbatini

Você pode não pensar nisso, mas inúmeras pessoas seriamente enfermas neste momento aguardam com dor e sofrimento a sua vez de receberem um órgão humano, a única medida que poderia salvar suas vidas.

A falta de órgãos doados no Brasil resulta na busca desesperada dos familiares da vítima necessitada, que muitas vezes são forçados a realizar cirurgias muito caras em outros países. Este é o caminho mais complicado para o paciente e sua família, especialmente quanto ao aspecto monetário.

Embora o Brasil tenha boa capacidade técnica para realizar muitos tipos de transplantes, tais como dos rins, e existam diversas centrais de transplantes de órgãos que realizam amplo esforço de incentivo e conscientização para a captação de órgãos, as estatísticas apontam uma impressionante escassez de órgãos doados para transplantes no nosso país em relação aos outros países. Tomando como exemplo a medula óssea, no Brasil estavam registrados em 1996 apenas 400 doadores potenciais deste tecido, enquanto que nos Estados Unidos registravam-se 54.000 doadores, e, na Alemanha, aproximadamente 700.000. Por isso, o índice de mortes ainda é muito grande em virtude da falta de órgãos.

Felizmente, uma importante medida acaba de surgir no Brasil para amenizar o problema da "fila" de pacientes necessitados de órgãos doados. Foi aprovada recentemente uma lei (No. 9394/97) pelo Congresso Nacional, instituindo a chamada doação presumida, ou seja, toda pessoa se transforma em um doador em potencial quando morre, a não ser que ela se manifeste em contrário durante a vida. Esta é uma lei avançada, que existe em poucos países, e que deverá mudar substancialmente o difícil cenário de órgãos disponíveis para transplante no Brasil,e que substitui a lei anterior, que permitia doações apenas com o consentimento expresso do doador ou de sua família.

Entretanto, ela não surtirá o efeito desejado, se a família da pessoa que morreu ou os médicos que assistiram à morte não notificarem imediatamente as equipes de transplante. O atraso de captação de órgãos inviabiliza o transplante, pois os órgãos não podem mais ser transplantados nos pacientes que necessitam.

Existem muitos órgãos que podem ser transplantados atualmente. Entre os transplantes técnicamente possíveis atualmente no Brasil, temos:

Transplante de córnea
Transplante dos rins
Transplante de fígado
Transplante de medula óssea
Transplante de pâncreas
Transplante de coração
Transplante de pulmão

Veja as partes do corpo humano que podem ser transplantadas.


Para saber mais:

Outras informações sobre doações e transplantes de órgãos (ABTO)
Perguntas mais freqüentes sobre doação de órgãos (ABTO)
Entenda a doação de órgãos (em PDF)
Livros sobre transplante de órgãos
Associação Brasileira de Transplante de Órgãos


Silvia Helena Cardoso, PhD, é doutorada em Psicobiologia pela USP e pós-doutorada pela Universidade da Califórnia em Los Angeles. É pesquisadora associada do Núcleo de Informática Biomédica da UNICAMP e colaboradora da revista  "Saúde e Vida On Line" e editora chefe da revista Cérebro & Mente.

Renato M.E. Sabbatini, PhD, é doutorado em fisiologia pela USP e pós-doutorado pelo Instituto Max Planck de Psiquiatria, Munique. É pesquisador e diretor do Núcleo de Informática Biomédica da UNICAMP, colaborador das revistas  "Saúde e Vida On Line" e Cérebro & Mente, e do jornal  "Correio Popular"


Data de publicação: 29 de janeiro de 1997.
Atualizado em 3 de setembro de 2004.

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