INFORMAÇÕES SOBRE MEDIDAS DE PREVENÇÃO CONTRA MALÁRIA PARA VIAJANTES®

DR. WANIR JOSÉ BARROSO, Sanitarista

E-mail: wbarroso@netyet.com.br

 

 

 
 

 

 

 


           

A malária é uma doença potencialmente grave provocada por protozoários do gênero Plasmodium que penetram no homem pela picada de mosquitos infectados do gênero Anopheles, também conhecidos como anofelinos, mosquitos prego ou carapanã.

 

            Estes protozoários ao penetrarem no homem se multiplicam no fígado e no sangue de forma intensa, veloz e constante. Quatro são as espécies de Plasmodium que causam malária humana, o P. vivax, o P. falciparum, o P. malariae e o P. ovale. A malária provocada pelo P. falciparum pode desenvolver formas graves da doença, podendo inclusive levar o paciente ao óbito em poucos dias, principalmente em pessoas que estão tendo malária pela primeira vez. Outros grupos de pessoas que também desenvolvem quadros graves de malária são crianças, mulheres grávidas, pessoas idosas e portadores de outras doenças infecciosas como a AIDS. Pode-se também contrair malária por transfusão sangüínea com sangue contaminado com  o protozoário e mais raramente por compartilhamento de seringas contaminadas.

 

            É extremamente prudente que gestantes se mantenham longe de áreas endêmicas de malária, pois representam um  grupo dos mais vulneráveis a desenvolver formas graves da doença, podendo inclusive evoluir para o óbito.

 

            As medidas de proteção individual contra malária tem como objetivo limitar o contato homem-vetor (mosquito transmissor) e/ou impedir o desenvolvimento de espécies de Plasmodium no organismo. Medidas que impedem o desenvolvimento do Plasmodium (protozoário causador da malária) no homem, chamam-se medidas quimioprofiláticas, que nada mais são do que o uso de medicamentos anti-maláricos com a finalidade de interferir na multiplicação do protozoário (Plasmodium) e atenuar ou impedir as formas graves da doença.

 

            A quimioprofilaxia tem indicações restritas e particulares, devendo-se considerar sempre as condições clínicas de cada indivíduo que vai fazer uso destes medicamentos e o período de tempo que vai permanecer em áreas de transmissão ou endêmicas. Vários anti-maláricos já se mostram ineficientes como quimioprofiláticos face a resistência adquirida pelo protozoário, principalmente pelo uso indiscriminado.

 

            Os principais esquemas utilizados em quimioprofilaxia anti-malárica são feitos com MEFLOQUINA ou CLOROQUINA. A MEFLOQUINA é um medicamento anti-malárico relativamente novo e já se mostra  inócuo frente a algumas cepas de P. falciparum  em alguns países, sendo contra-indicada em crianças com menos 15 kg, gestantes, pessoas que fazem uso de drogas que alteram a condução  cardíaca, pessoas com história de distúrbios psiquiátricos e epilepsia, ou pessoas que exerçam atividades que  envolvam coordenação e discernimento espacial (como os pilotos de avião), sendo que, seu uso isolado não previne a infecção malárica. A Cloroquina não deve mais ser usada como quimioprofilático, pois o P. falciparum já se mostra resistente a ela em mais de 90% das áreas endêmicas do planeta. Outros medicamentos anti-maláricos também podem ser usados como quimioprofiláticos, desde que prescritos de forma criteriosa.

 

            A quimioprofilaxia não deve ser considerada infalível, e sempre deve ter orientação médica. Entretanto, um fator negativo causado por estes esquemas de quimioprofilaxia é o fato deles conferirem uma falsa sensação de segurança, e por conta disso, as pessoas passam a ser expor mais em áreas de transmissão, tornando-se mais vulneráveis a contrair a doença.

                       

Qualquer doença febril de qualquer natureza, em (ou vindo de) áreas onde há transmissão de malária, deverá ser encarada como malária, até que seja esclarecido o diagnóstico. Tanto durante a viagem quanto após o regresso, mesmo tendo sido feito esquemas de quimioprofilaxia, deve  o viajante buscar auxílio médico informando que esteve nestas áreas.

 

            A malária é uma doença perfeitamente curável, desde que diagnosticada e tratada a tempo. E numa área de transmissão a melhor prevenção é saber onde procurar imediato socorro médico especializado (que é aquele onde existe médico treinado, laboratório em condições de fazer o diagnóstico e medicamentos anti-maláricos) quando do início dos sintomas, pois, o retardo de diagnóstico pode ser causa do agravamento do caso, da geração de novos casos se permanecer em áreas de transmissão e até de óbito.

 

            O uso de cortinados impregnados com inseticidas (à base de deltametrina), o uso de telas em portas e janelas, a dedetização nos locais onde se dorme e o uso de repelentes (à base de DEET (NN-dietil,meta-toluamida) - Autan® e Off®) nas partes descobertas do corpo impedem ou reduzem o contato homem-vetor. Deve-se observar que inseticidas e repelentes são produtos químicos tóxicos, e seu uso deve ser feito somente com o conhecimento de suas características toxicológicas que normalmente estão nos rótulos das embalagens.

 

            Freqüentar locais próximos a criadouros naturais nos finais de tarde ou à noite em áreas de transmissão aumenta muito o risco de contrair a doença em áreas endêmicas.

 

            No Brasil, o principal transmissor de malária é o mosquito Anopheles darlingi, cujos principais criadouros são as áreas sombreadas dos rios amazônicos com vegetação aquática nas margens. O Anopheles aquasalis é outro importante mosquito transmissor do litoral atlântico da América do Sul e seus criadouros são áreas alagadas com água salobra ou salgada e com vegetação e material orgânico em seu interior. O Anopheles cruzii é o principal transmissor em regiões de Mata Atlântica da região sudeste do Brasil e seu principal criadouro é formado por plantas que acumulam água em suas folhas, como as bromélias e os gravatás. Áreas alagadas e pântanos são também bons criadouros de outros mosquitos transmissores de malária. Locais onde existem peixes normalmente não existem larvas destes mosquitos, que são seus predadores em criadouros naturais. Larvas de libélulas ou lavadeiras são também eficientes predadores de larvas de mosquitos em criadouros de água doce. Preservar o meio ambiente representa a forma mais eficiente de controle de mosquitos transmissores de malária.

 

            No planeta são 101 os países endêmicos de malária, isto é, aqueles que apresentam registros contínuos de casos, estando todos localizados em sua  faixa tropical. São eles: a maioria dos países Africanos, o Brasil (todos os Estados amazônicos), vários países da América do Sul  e da América Central,  países da Ásia Central, da Ásia do Sul, do Sudeste Asiático, do Oriente Médio e do  Extremo Oriente (China), além  de Papua Nova Guiné, Ilhas Salomão e Vanuatu.

 

            Os principais sintomas de malária em sua fase inicial são: febre associada ou não a dores pelo corpo, vômitos, diarréia, dor de cabeça, dor abdominal, falta de apetite, tonteira e sensação de cansaço, entre outros.

 

            IMPORTANTE: a maioria dos países endêmicos de malária são também endêmicos de FEBRE AMARELA, para a qual existe vacina específica e eficaz. Vacine-se ao se dirigir para uma destas áreas. Informe-se sobre esta vacina nos Centros de Referência abaixo.

 

Centros de Referência para diagnóstico, tratamento e informações sobre malária existentes no Brasil:

 

RJ - Hospital Universitário da Universidade Federal do Rio de Janeiro

        Tel. (0xx21) 562-2562 e 562-2590 (DIP)

        Centro de Informação em Saúde para Viajantes–CIVES/UFRJ

        Tel. (0xx21) 562-6213.  (www.cives.ufrj.br)

        Hospital Universitário da Universidade Federal Fluminense                                   

        Tel. (0xx21) 620-2828 Ramal 224. (DIP)

SP - Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo

        Tel. (0xx11)262-5647, 881-3451 e 3069.6135 (Plantão).

MT- Hospital Universitário Júlio Muller

        Tel. (0xx65) 615-7340, 615-7342 e 615-7302.

DF - Universidade de Brasília

        Tel. (0xx61) 273-5008, 272-2824, 273-6758.

AM - Fundação de Medicina Tropical de Manaus

        Tel. (0xx92) 238-1711 e 238-5364.

RO - Secretaria de Estado de Saúde  

        Tel. (0xx69)225-3304 e 225-2279.

PA - Instituto Evandro Chagas

        Tel. (0xx91) 211-4432, 211-4457 e 211-4466.

GO - Instituto de Patologia Tropical e Saúde Pública

        Tel. (0xx62) 261-6497.

MA - Universidade Federal do Maranhão

        Tel. (0xx98) 232-3837, 222-5135.

AC – Secretaria de Estado de Saúde e Higiene

         Tel. (0xx68) 223-1161 e 224-2577 R 133