Até 1921, quando Banting e Best, dois cientistas canadenses, descobriram a insulina, o diabetes era uma doença rapidamente fatal. Desde então, houve um grande progresso no campo da farmacologia, com o desenvolvimento não só de insulinas cada vez mais eficientes, como de toda uma gama de hipoglicemiantes orais, de tal forma que, hoje em dia, os pacientes morrem com diabetes, raramente de diabetes. A grande preocupação, atualmente, é evitar o aparecimento do diabetes, mudando hábitos alimentares e prevenindo e tratando a obesidade, grande desencadeadora do diabetes. Naqueles que já são diabéticos, o diagnóstico e tratamento precoces, visam manter o metabolismo glicêmico o mais próximo possível do normal, evitando as temíveis complicações e preservando a qualidade de vida. A responsabilidade do tratamento do diabetes deve ser compartilhada entre o paciente, sua família e seu médico. O diabetes é uma intercorrencia na vida da pessoa, da qual não mais poderá se separar. Como nenhuma outra doença, necessita de um envolvimento profundo do próprio paciente em seu tratamento. Aqueles que se empenham, controlam a doença a tal ponto que sua vida transcorre normalmente, pouco diferindo da dos não diabéticos. O tratamento exige mudanças de postura frente a hábitos alimentares e de vida, em geral, e a colaboração do paciente é fundamental para o prognóstico,
DIETA Um dos clichês mais famosos em relação ao diabetes é o de que a dieta é a pedra angular do tratamento. Muitos pacientes portadores de diabetes não insulino-dependente conseguem manter-se perfeitamente compensados apenas com dieta e eventualmente aumento de exercícios físicos. A grande maioria dos pacientes portadores de diabetes tipo II, não insulino-dependentes, são obesos. O segundo fato importante é que nos pacientes obesos a ação da insulina é prejudicada em muitos aspectos, essa ação melhora dramaticamente quando o paciente perde peso. Uma vez que a resistência à insulina é uma das alterações fundamentais do diabetes tipo II, a abordagem terapêutica mais racional para esses pacientes é implementar uma perda de peso, baseada em dieta apropriada. O plano dietético do diabético consiste em uma dieta normal modificada, com restrição de hidratos de carbono. No diabético obeso a quantidade de calorias é restrita, de forma a permitir perda de peso. Se o indivíduo tem peso normal, deve manter as calorias. Se o paciente tiver outros problemas, que não raro se associam ao diabetes, como aumento de ácido úrico, lípides ou hipertensão, terá que adaptar sua dieta pois, também essas condições exigem restrições alimentares. Os alimentos são a principal fonte de energia para o organismo. Seu valor energético é medido em calorias. A quantidade de calorias necessária varia muito de indivíduo a indivíduo. Disciplina é fundamental no controle do diabetes. É importante o estabelecimento de horários e hábitos alimentares regulares. Dividem-se em dois grupos: Os hidratos de carbono simples necessitam de uma digestão mínima e são absorvidos diretamente, de tal maneira que quando ingeridos, os níveis de glicemia sobem rapidamente. Portanto alimentos desse grupo devem ser evitados. Exemplos de hidratos de carbono simples: açúcar, mel, geleia, compotas, marmelada, suco de frutas industrializado, refrigerantes, gelatina, doces, chocolate, cerveja, frutas em conserva, tortas, massas, Os hidratos de carbono complexos necessitam de uma digestão mais elaborada, sendo absorvidos mais lentamente, de tal forma que a glicemia não sobe tão rapidamente. Estes alimentos podem ser ingeridos com moderação, em quantidades equilibradas e divididas ao longo do dia. Exemplos de hidratos de carbono complexos: pão, bolacha de água e sal, * Proteínas São necessárias para a manutenção e crescimento das células. Sua ingestão é fundamental, porém não precisa ser exagerada. Exemplos de alimentos ricos em proteínas: carne, leite e derivados e ovos. * Gorduras As gorduras representam a maior concentração de calorias em qualquer dieta. Enquanto 1 g de carboidratos ou proteínas tem 4 Kcal, 1 g de gordura tem 9 Kcal e para o diabético, manter o peso estável é fundamental. Existem dois tipos fundamentais de gorduras, as saturadas e as insaturadas. As saturadas devem ser evitadas, seu uso não ultrapassando 10% das calorias ingeridas, pois são as responsáveis por aumentos consideráveis nos níveis do colesterol sérico, principalmente na fração LDL, incrementando o risco cardiovascular (que leva ao infarto, por exemplo). Geralmente alimentos de origem animal como carne, leite e derivados e gema de ovo, bem como alguns de origem vegetal como coco, amendoim, nozes, amêndoas e assemelhados e frutas secas são ricos em gordura saturada. Carnes vermelhas têm mais gordura do que carnes brancas, de frango ou peixe. Alguns alimentos como camarão, caranguejo, lagosta e outros crustáceos, embora pobres em gordura, são ricos em colesterol. Outras fontes ricas em colesterol são as vísceras. O diabético, uma vez que tenha compreendido bem sua dieta, pode comer normalmente em restaurantes. Deve evitar alimentos desconhecidos cujos ingredientes desconheça e, obviamente, aqueles contra-indicados ao diabetes. Da mesma forma, pode e deve comparecer a festas e comemorações. Principalmente as crianças, que não devem se sentir Quando dispõe de um glicosímetro, deve medir a glicemia antes, durante e após o exercício, algumas vezes, para saber como o seu diabetes se comporta, frente ao mesmo. Deve evitar a prática de exercícios quando a glicemia estiver acima de 240 mg/dl ou abaixo de 100 mg/dl. Antes de decidir-se pela prática de um exercício, deve conversar com oseu médico. É importante checar as condições cardio-respiratórias, o estado dos pés, pressão arterial e a saúde dos olhos. Ao iniciar a prática de esportes deve começar lentamente, com poucos minutos ao dia, e ir aumentando progressivamente. EDUCAÇÃO A educação em saúde é hoje um dos meios mais eficazes para o tratamento de doenças crônicas e para a prevenção de suas complicações. A educação amplia a compreensão que o paciente tem da doença e de si mesmo e o capacita a assumir melhor seu tratamento, evitando as descompensações. O processo educativo se inicia com membros da equipe de saúde: médicos, enfermeiros, nutricionistas, psicoterapeutas, etc., passando pela leitura de livros especializados e pela freqüência a palestras, conferências e reuniões de grupo, que estão cada vez mais disponíveis. Outro aspecto importantíssimo é a manutenção da saúde mental. É muito freqüente que o paciente apresente descompensações graves do diabetes como conseqüência de descontrole emocional. Um diabético nunca pode tirar férias de seus cuidados. Por isso, o diabetes pode afetar as emoções: às vezes o diabético pode sentir-se triste, deprimido, tenso. Nesses casos, a ajuda de um psicoterapeuta pode ajudá-lo a manter-se emocionalmente mais estável, frente às diversas intercorrencias da vida. Esses profissionais são treinados a ajudar pessoas a enfrentar situações difíceis. Certamente essa estabilidade emocional ajudará muito na manutenção de um diabetes equilibrado. ESCOLA E ATIVIDADES SOCIAIS Crianças diabéticas devem freqüentar a escola normalmente, no entanto, deve se atentar aos cuidados que devem ser dados à mesma quando a criança está na escola, envolvida nas atividades diárias. Se a criança tiver idade suficiente, ela poderá levar um glicosímetro à escola ou este poderá, eventualmente, ser entregue a uma enfermeira da escola. A Pessoas diabéticas, da mesma forma que as não diabéticas, podem e devem ir a festas e participar das mais diversas atividades
Carregue sempre com você um cartão, identificando-o como diabético, TRATAMENTO MEDICAMENTOSO Existem dois tipos principais de diabetes, o insulino-independente e o insulino-dependente. O paciente portador de diabetes insulino-independente, também chamado tipo II ou do adulto, muitas vezes consegue compensar seu diabetes apenas com dieta. Muitos pacientes
HIPOGLICEMIANTES ORAIS As sulfoniluréias já estão em uso desde há aproximadamente quatro décadas. Embora existam diferenças entre um produto e outro, todas parecem agir através de uma potenciação da secreção de insulina. Existe também um aumento na sensibilidade à ação da insulina, que provavelmente é secundário à diminuição dos níveis de glicose. Existem no mercado várias drogas, que requerem uma ou mais tomadas ao dia. Estas drogas podem levar a uma hipoglicemia em caso de não ingestão alimentar adequada, erro para mais na dosagem e excesso de exercícios. As biguanidas não têm efeito direto sobre a secreção de insulina. Seu mecanismo de ação não é completamente compreendido, mas inclui: redução Várias classes de hipoglicemiantes orais podem ser usados concomitantemente ou associados ao uso de insulina, numa tentativa de se obter um melhor controle do diabetes.
INSULINA
O paciente com diabetes insulino-dependente, também chamado tipo I ou juvenil necessita, obrigatoriamente, utilizar insulina. Muitos pacientes com a forma insulino-independente também podem necessitar de insulina. Estão disponíveis no mercado, atualmente, várias apresentações de insulina, que variam quanto à origem, grau de purificação, tempo de ação 000080>A aceitação da injeção de insulina pelo organismo depende não só da origem, como do grau de purificação do produto. Quanto mais pura, menor a possibilidade de reações alérgicas ou lipodistrofias no local da aplicação da insulina. Todas as insulinas hoje comercializadas passam por rigoroso processo de purificação. Quanto ao tempo de ação, as insulinas podem ter ação intermediária (NPH e LENTA), rápida (REGULAR OU SIMPLES) ou ultra rápida. Estão também disponíveis várias combinações de insulinas de ação curta e intermediária pré-misturadas. As insulinas de ação intermediária têm uma ação que dura entre 20 e 24 horas e destinam-se ao controle diário. As insulinas de ação rápida têm uma ação que se inicia aproximadamente 30 minutos após sua aplicação e dura de 6 a 7 horas. São usadas no tratamento de descompensações diabéticas, emergências, durante procedimentos cirúrgicos e como complementação do controle diário. A recém lançada insulina de ação Os pacientes que necessitam usar insulina, devem aplicá-la diariamente, sempre pela manhã, fazendo complementos em outros horários, se necessário, conforme orientação médica. O ideal é que o paciente assuma seu tratamento, aprendendo a aplicar a insulina corretamente, atentando para dose, via de aplicação, local e horário ficando, dessa forma Algumas pessoas conseguem manter-se compensadas com apenas uma aplicação de insulina ao dia. No entanto, outras podem requerer várias aplicações. Nunca pule ou mude a dose de insulina. Caso você tenha outra doença concomitante ou em caso de necessitar de uma cirurgia, procure orientação de seu médico. Estão sendo desenvolvidas pesquisas com o uso de bombas que injetam insulina continuamente. Essas bombas tem um sensor de glicose que determina a quantidade de insulina a ser injetada, tentando imitar aquilo que acontece naturalmente num pâncreas normal, já existem algumas no mercado, porém têm apresentado alguns problemas.
O transplante de pâncreas ou das ilhotas de Langerhans teria o potencial de curar o diabetes, devolvendo ao paciente a possibilidade de secreção endógena de insulina em resposta à ingestão de carboidratos. Até o presente momento, apenas alguns poucos pacientes já foram submetidos a esses transplantes com sucesso. Essa forma de tratamento ainda é experimental e não pode ser oferecida a qualquer paciente portador de diabetes. Os pacientes submetidos a transplante tem uma reação imunológica ao mesmo, tendendo a destruir o órgão ou tecido COMPLICAÇÕES DO DIABETES As complicações do diabetes podem ser agudas ou crônicas. As complicações agudas do diabetes são aquelas que se instalam rapidamente, em horas ou dias. As mais graves são o coma ceto-acidótico, o coma hiperosmolar e a hipoglicemia. Todas elas são graves e implicam risco de vida, caso o paciente não seja tratado a tempo. Por outro lado, são passíveis de tratamentos relativamente simples, mesmo em hospitais ou prontos-socorros também relativamente simples. Complicações crônicas são aquelas decorrentes de alterações a nível da microcirculação, da grande circulação e neuropatias,e sobre elas não COMPLICAÇÕES AGUDAS As complicações agudas do diabetes são mais dramáticas, pois os pacientes estão bem e, em pouco tempo, parecem estar gravemente enfermos. O lado bom é que, se bem cuidados, em pouco tempo voltam a estar bem de novo. Dentre as complicações agudas, destacamos as seguintes: CETO-ACIDOSE DIABÉTICA A ceto-acidose diabética é uma circunstância que ocorre toda vez que não há insulina em quantidades suficientes para metabolizar a glicose. Ela pode ser desencadeada pela ingestão abusiva de carboidratos e por situações de stress físico ou emocional. Stress físico ocorre quando o paciente é acometido por uma outra patologia, por exemplo uma amigdalite ou uma apendicite. Em situações de stress o corpo libera uma grande quantidade de hormônios hiperglicemiantes, isto é, hormônios que fazem o açúcar sangüíneo se elevar. Como não existe insulina em quantidade suficiente, as gorduras e proteínas armazenadas começam a ser quebradas, produzindo paralelamente substâncias ácidas conhecidas como O ideal é que a pessoa perceba quando a glicemia está subindo, antes dec hegar à fase de cetose, através de sintomas como poliúria (urinar muito), polidipsia (muita sede), polifagia (muita fome), perda de peso, sensação de fraqueza, mal estar, visão embaçada, etc. e procure o médico. COMA HIPEROSMOLAR O coma hiperosmolar não cetótico em geral se apresenta no diabetes tipo II, freqüentemente sendo desencadeado por excessos alimentares ou por uma doença intercorrente. Como esses pacientes tem uma certa reserva de i
única fonte. Para essas células, ficar sem energia por tempo prolongado pode produzir danos severos e irreversíveis. Para garantir o bem estar e o bom Em geral quando há uma queda dos níveis séricos de glicose, o paciente tem manifestações clínicas que variam do imperceptível, passando por sensação de sonolência, fome ou fadiga, cefaléia, tontura, visão dupla, sudorese profusa, tremores, palpitação, mudanças de humor, distúrbios de comportamento, sensação de parestesia ou paresia até chegar, nos casos mais graves, a apresentar convulsões e coma. A hipoglicemia é um distúrbio evitável. Pode ocorrer nas seguintes situações:
Quando o paciente apresentar sintomas, o ideal é que ele faça uma determinação da glicemia, para confirmar o diagnóstico de hipoglicemia. Isso é importante para que ele aprenda a reconhecer os seus sintomas, mas para seu médico essa informação é fundamental na hora de fazer os acertos da medicação. No entanto esse procedimento não deve retardar o tratamento da hipoglicemia, que deve iniciar-se o mais prontamente Muitos diabéticos, com o tempo, podem não apresentar sintomas de hipoglicemia, ou apenas uma leve sonolência com a mesma. As razões para isso são complexas. Os diabéticos susceptíveis a essa situação devem evitar manter seus níveis de glicemia abaixo de 100 mg/dl, fazendo monitorizações de glicose com maior freqüência. O objetivo imediato do tratamento é elevar o açúcar no sangue, que se encontra muito baixo, restaurando o bem estar. Para isso o paciente deve ingerir alguma forma de açúcar de fácil absorção:
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